sábado, abril 05, 2008

Multinacionais - A Utopia de Portugal!!!!!


"Num só dia, duas unidades fabris de componentes para automóveis anunciaram o despedimento colectivo de 900 trabalhadores. A Yazaki Saltano (cablagens) vai fechar a unidade de Vila Nova de Gaia, dispensando 400 colaboradores até ao fim deste mês, e a Delphi, em Ponte de Sor, vai mandar para a rua 500 operários, cuja saída está aprazada até Março de 2009.


Em ambos os casos, o anúncio foi feito ontem, durante a tarde, apanhando trabalhadores e representantes sindicais de surpresa. "Não é inocente que o comunicado se faça à sexta-feira à tarde. Isto é para evitar reacções", refere fonte do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Norte.

No caso da multinacional americana Delphi, que produz componentes para automóveis (airbags, volantes, fechos de portas e apoios), o encerramento terá, segundo os sindicatos, um "forte impacto social na região". Em comunicado, a Delphi refere que a decisão foi tomada após uma revisão efectuada à situação da fábrica e respectivos produtos, e após várias tentativas sem sucesso de vender linhas de produto-não-chave.

A empresa diz ainda que está consciente dos problemas que o fecho da unidade criará na região e garante total disponibilidade para negociar com trabalhadores, fornecedores e clientes, o que deverá acontecer a partir de segunda-feira. Segundo o mesmo comunicado, a produção de airbags será deslocalizada para a Hungria.

Os 80 trabalhadores a contrato vão sair já no Verão, enquanto que até Março de 2009, será a vez dos 450 funcionários do quadro da empresa, que labora em Ponte de Sor desde 1980. "Esta situação vai trazer muitos problemas. Na fábrica a média de idades é de 48 anos e existem 45 casais. As pessoas vão para o desemprego e depois com estas idades quem é que arranja um trabalho?", questionaFrancisco Basílio,delegado do Sindicato da Indústrias Metalúrgicas e Afins e funcionário da empresa há 26 anos.

Paraterça-feira,pelas 14h00, está agendado um plenário de trabalhadores.

GOVERNO PROCURA SOLUÇÕES

"Estamos a trabalhar, há já algum tempo, em soluções", para a Delphi e Yazaki, assegurou ontem Basílio Horta, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), entidade tutelada pelo Ministério da Economia. Basílio Horta garante que o Governo "tudo fez" para evitar esta situação de despedimentos mas adiantou que "vão avançadas as negociações para encontrar compradores para a Delphi". O presidente da AICEP sublinhou ainda que nenhuma das duas empresas recebeu benefícios fiscais. "Se recebessem não se iam embora assim", salientou.

YAZAKI SALTANO JÁ AMEAÇA DESPEDIR DESDE 2005

A multinacional japonesa Yazaki Saltano atravessa há três anos uma profunda crise, ameaçando deslocalizar para Marrocos e Roménia. Depois de largas centenas de despedimentos faseados em Ovar, chegou agora a vez do fecho da unidade de Gaia. Segundo a empresa, a decisão deve-se "à conjuntura económica" e "ao fim da produção do modelo M59 para a Peugeot Partner/Citroën Berlingo". Quanto à unidade de Ovar, com 1053 trabalhadores, e o Centro Tecnológico de Gaia, com 253 funcionários, não há, para já, informações que apontem para o encerramento. O sindicato só se irá pronunciar na próxima segunda-feira." - In Correio da Manhã de 5 de Abril de 2008.

Quando em 1986, entramos na União Europeia, Portugal apresentava - se como um país atractivo ao investimento estrangeiro, proveniente de países economicamente mais avançados, grandes multinacionais entraram no nosso país, atraídas pelos baixos salários praticados em Portugal, apoios da União Europeia e apanágio do aparelho de Estado de então.
Resta ainda referir que muitas multinacionais viam em Portugal uma forma de alargar mercados e de investir em zonas seguras e pró - ocidentais a nível politico (não nos devemos esquecer que ainda os países de leste estavam sob hegemonia da União Soviética.
Tudo o estado lhes deu, pagamentos de tarifas de água por parte de municípios, isenções fiscais, pagamento da factura energética, terrenos vendidos ao centavo por metro quadrado, por outro lado asfixiava as pequenas e médias empresas nacionais, já para não falar das micro - empresas....
E qual foi a atitude destes senhores, quando a torneira começou a fechar da União Europeia, e os salários dos portugueses começaram a ficar muito caros em relação aos praticados noutros países do leste europeu, vão - se embora com a agravante que a nossa mão de obra não possui formação técnica e dinamismo intelectual para investir de forma produtiva, o resultado é simples DESEMPREGO, COM GRAVES CONSEQUÊNCIAS PARA AS FAMÍLIAS E PARA A SOCIEDADE PORTUGUESA.
No entanto continua - se a apostar numa politica de betão, em detrimento de enriquecer intelectualmente a nossa mão de obra, por este andar continuaremos na cauda da Europa, por muitos e bons anos!!!

1 comentário:

A. João Soares disse...

Caro Magno,
Estimulado pelo seu comentário no meu cantinho, coloquei em Do Miradouro o post «DESPEDIMENTOS COLECTIVOS» e, depois, «O CAPITAL HUMANO PRECISA DE MOTIVAÇÃO» que se situa também nas relações patronato-trabalhadores.
É um tema que merece mais ponderação da parte de entidades governamentais e dos sindicatos

Abraço
A. João Soares